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sexta-feira, 19 de maio de 2017

Música na veia
Einstein e Spotify fazem parceria para estudar efeito da música sobre a saúde
CLÁUDIA COLLUCCI
DE SÃO PAULO
30/04/2017 


Ao chegar ao setor de hemodinâmica do hospital Albert Einstein (SP) na última quarta (26) para uma angioplastia, o engenheiro civil Antonio Sergio Cassavia, 62, estava nervoso. "A gente pensa nos riscos, na família."
No entanto, ao ouvir os primeiros acordes que saíam das caixinhas de som da sala cirúrgica, começou a se acalmar. "Foi dando uma sensação boa de relaxamento, e, quando vi, o procedimento já tinha acabado", lembra o engenheiro, fã de rock clássico.
"Songs Without Words", de Felix Mendelssohn, e "Suite Bergamasque", de Claude Debussy, são algumas das músicas da playlist Clássicos Palpitantes que Cassavia ouviu enquanto um stent era colocado na sua artéria.
Além da promover o bem-estar de pacientes e da equipe médica, essa e outras 19 playlists criadas por profissionais do Einstein, músicos e curadores da plataforma Spotify têm objetivos científicos.
A proposta é verificar, por meio de estudos controlados, quais mecanismos cerebrais são ativados de acordo com a seleção musical usada em diversas situações clínicas.
As listas foram criadas a partir do perfil dos pacientes, das sugestões de profissionais que já trabalhavam com música dentro do hospital e do banco de dados de usuários do Spotify.
Em três setores do Einstein, os pacientes já estão acessando as playlists. No banco de sangue, a pessoa ouve no celular dela, com o próprio fone de ouvido. Na hemodinâmica, a música é ambiente. O doente escuta a seleção junto com a equipe médica.
Na ressonância magnética, ele escolhe a sua lista e a ouve por meio de um fone especial, acoplado à máquina. "Não pode ter nenhuma estrutura com ferro porque, nesse ambiente, que funciona um imã, seria sugado. Esse fone transmite o som pelo ar", explica Ronaldo Hueb Baroni, coordenador médico do serviço de ressonância magnética do Einstein.
Segundo ele, de forma empírica é possível perceber que o paciente fica mais calmo ouvindo música. A literatura médica aponta que até 10% das pessoas sentem claustrofobia ou outros desconfortos durante o exame.
"Além da música, lançamos mão de várias ferramentas, como salas com janelas, painéis fotográficos e máquinas com túneis mais abertos e mais curtos, para tornar o ambiente mais confortável e mais lúdico", diz Baroni.
A pesquisadora do Einstein Eliseth Leão, coordenadora dos estudos, diz que, no primeiro momento, a ideia é que as seleções musicais proporcionem entretenimento.
Depois, com os estudos aprovados pelo comitê de ética do hospital, serão investigados, por exemplo, a associação de diferentes estruturas musicais, como o ritmo, às respostas fisiológicas.
"Se você gosta de música erudita e eu de MPB, posso verificar essas estruturas musicais e avaliar se elas podem ser isoladas do gênero. E poder ofertar uma playlist mais direcionada para o tipo de desfecho clínico que a gente quer observar [como relaxamento e menos dor]."
PREFERÊNCIA MUSICAL
Segundo a pesquisadora, os desfechos independem da preferência musical. "Já usei música erudita com os pacientes que tinham dor crônica e que, gostando ou não do gênero musical, tiveram efeitos benéficos."
No projeto de pós-doutorado, Eliseth, que é enfermeira de formação, pesquisou o impacto da comunicação não verbal mediada pela música.
"A música possibilita um caminho mais afetuoso entre o profissional de saúde e o paciente. Isso colabora para a humanização do cuidado."
Na psiquiatria, há estudos que apontam que é possível modular o estado de ânimo do paciente com o repertório musical. Nas pesquisas com Alzheimer, observa-se que a memória musical tende a ser uma das mais preservadas.
Um dos curadores do projeto do Einstein é Walter Lourenção, 87, maestro que já regeu as orquestras do município e do Estado de São Paulo.
"Estamos discutindo sobre como deve ser essa música, se tem que ter orquestra grande ou pequena, cordas, sopros, percussão, a música deve ser lenta ou rápida. Há um campo enorme de pesquisa."
Lourenção lembra que os benefícios musicais extrapolam a área da saúde. "Na Itália, a música vem sendo muito usada na agricultura. As uvas ouvem música; tonéis de vinho, também."

Um grande abraço!

Equipe Estúdio Musical


terça-feira, 2 de maio de 2017