Música pode ser fator de
conexão na relação entre pais e filhos
Pesquisadores da
Universidade do Arizona, nos EUA, fizeram estudos que demonstram que crianças
que vivenciam música com os pais, possuem relações mais próximas com eles na
vida adulta
Tenho pensado recentemente
que uma das dietas mais nutritivas que podemos oferecer aos filhos é uma rica
em vitamina T, T de tempo. E o efeito dessa vitamina não depende só de
quantidade, mas também de qualidade. Nessa toada, a música pode ser uma ferramenta
poderosa para incrementar essa qualidade.
Você deve concordar com o
valor que um prato delicioso feito para todos tem na saúde das relações
humanas. Foi-se o tempo que a cozinha era um palco exclusivo da mama. Hoje
temos os masterchefs papas e kids também. Que espetáculo saborear uma sobremesa
que o filho fez para toda a família.
A cena de uma família
viajando, ou mesmo em casa, cada um com seu smartphone e seu fone de ouvido não
é nada incomum nos dias de hoje. Isso parece mais um almoço de domingo em que
cada um discou para um ifood para entregar sua “ração” individual. Da mesma
forma, um banquete de música compartilhada pode ser bem mais interessante que
os fones individuais.
Pesquisadores da
Universidade do Arizona, nos EUA, demostraram recentemente que as crianças e os
adolescentes que crescem vivenciando música junto com os pais chegam no início
da idade adulta com um melhor relacionamento com eles.
E esse compartilhamento de
vivências musicais deve acontecer nos dois sentidos. Não adianta você pensar
que o importante é o filho aprender a ouvir Verdi, Beethoven, Miles Davis, Tom
Jobim etc. Pode até ser que seu filho goste de alguns desses personagens, mas
você não deveria achar que é de segunda classe conhecer e ouvir junto aquele
funk que está na playlist dele. E por que não fazer companhia em um show de
música que só interessa ao público adolescente?
Que tal trocar os fones
por sistemas bluetooth de compartilhamento da música no carro ou em casa? Deixe
os filhos também serem os DJs. É claro que dá para combinar momentos de
individualidade e silêncio, tão importantes para os pais quanto para os filhos.
Ou quem sabe ainda aprender a tocar um instrumento musical junto com seu filho?
* Dr. Ricardo Teixeira é
neurologista e Diretor Clínico do Instituto do Cérebro de Brasília
(Revista Correio Braziliense)